domingo, 29 de maio de 2011

Promessas de Amor

Disse ela, um dia
Comigo, sempre, ficaria
Nos vales desabitados,
Outrora povoados
Da paixão.

Foi promessa, disse ela
Seria ela Cinderela
E o príncipe, eu,
Do amor que viveu
Na eternidade.

Disse ela, acredita
A história será infinita
Contos serão contados
De nós, nunca mergulhados
Em ilusão.

Amava-me, ela disse
Que nunca sumisse
A chave do tesouro
Do sentimento duradouro,
Desta realidade.

Mas, houve um som, um ruído,
Uma interferência ou zumbido
O amor nosso foi corrompido,
E assim perdeu-se, foi sumido.

E quebraram-se as promessas de amor...



quarta-feira, 25 de maio de 2011

Verdades e Mentiras


Se uma verdade fossem dez mentiras, eu nunca te teria mentido. Porque uma mentira seriam dez verdades e não terias escutado mais do que as palavras que almejavas. O universo seria teu, porque para ti fora construído, com bases de cobiça e inveja e alicerces de castigo e vinganças.
Serias rainha e desfilarias nua, porque a tua nudez era perfeita e querias que o teu mundo assim o fosse, perfeito. Terias, na sala onde te entretinhas, no teu palácio de cristal, um coro que te cantaria os elogios que lhes ensinaras. Os mesmos que te mentia ao ouvido enquanto sonhavas que me fodias.
Mas, uma mentira não são dez verdades. O chão sobre o qual caminhavas, acreditando ser estável, afinal é tão inseguro quanto a tua auto-estima. Tenho pena de ti, enquanto te observo, a olhares para as paredes do teu palácio que ardem, definhando contigo. Contudo, uma verdade são dez mentiras...

Poema de um Separador

Uma barreira
Entre mim e a felicidade.
Um sinal de stop
Na estrada para a eternidade.
Uma cerca
Que me distanciava da alegria.
Uma venda
Que me cegava de toda a magia.

Tu foste um separador,
Que separava duas páginas.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Campos do Amor


Sentia-me perdido, confesso. Depois de tanto beco sem saída por onde deambulei, pensei que a chance de descobrir novamente um trilho que pudesse levar-me aos Campos do Amor era nula. Haviam somente sombras de felicidade no meu passeio. E como elas me atormentavam. Mesmo sendo somente espectros de felicidade, seduziam-me e faziam-me querer capturá-las, possuí-las! Contudo, sempre que essa ganância se apoderava de mim, elas desfaziam-se contra o meu toque.

Houve dias, talvez fossem noites, em que eu limitava-me a cantar para os vales que protegiam os Campos. Dali, a minha voz ecoava e podia enganar-me, fingindo cegamente que aquela era a voz do Amor que me chamava. Podia fechar os olhos e sentir as vibrações da minha voz alterada e imaginar futuros inimagináveis! Mas não era nada mais que uma auto-mutilação, aquela forma torpe de obter conforto.

Hoje, enquanto sacudia a roupa suja e me erguia para enfrentar mais uma torrente tortuosa de caminhos esguios e confusos surgiu uma sombra. Ao menos, foi assim que a interpretei, até poder observar que era mais que isso. Era um vulto negro. Chegou junto a mim, passou-me uma mão pelo rosto com um carinho tal que me arrepiei. Há imenso tempo que não recebia um gesto daqueles. Seguidamente, pegou na minha mão e arrastou-me atrás de si.

Corremos, corremos, corremos. Pareceu tanto e soube-me a tão pouco. Cada passo que dava conseguia cheirá-lo. Conseguia senti-lo a acariciar a minha pele. Estava a ir na direcção dos Campos do Amor. Sentia-me entusiasmado e ultrapassei o vulto negro que me guiava. Subitamente, paramos num cruzamento. Ele encarou-me, com aquela cara de sombra consistente e disse-me:

- Agora, escolhes tu o caminho. Segue os teus instintos. Seja qual for aquele por que optes, o teu destino não mudará.

E dito isto, partiu. Dissolveu-se como se fosse somente mais uma das sombras a que estava habituado. Mas eu sabia que era muito mais que aquilo. Era o meu futuro. Aquele que me aguardava nos Campos do Amor. Sei que agora está nas minhas mãos e estou pronto para escolher o meu caminho!

Poesia de uma Morte Desfeita!

Esta é para ti,
Que choras, porque morri
E continuo aqui.

Gastas lágrimas com facilidade
Pensando na tua infelicidade
Em como sentes falta de tudo
Em como o mundo, pra ti, é mudo.
Em como nada faz sentido
Em como está tudo perdido.
Quando, na realidade
Só estás de olhos fechados
Abre-os, vê a verdade
Nós não estamos cerrados.

Não estamos apagados
Deste mundo descolorido
Fomos mudados, transformados
Perdemos o tom garrido
Mas não nos extinguimos
Apenas, temporariamente, fingimos
Desvanecer o nosso ser
Fingir que conseguiamos morrer
E não suportar esta vida
Que outrora julgamos perfeita,
Não está mais que perdida,
Desmembrada, desfeita!

Imploro-te, não gastes mais sal,
Não suporto ver-te mal
Não quero que sofras
Por eu ter de sofrer
Não quero que morras
Por eu te ver morrer!

domingo, 1 de maio de 2011

Noite

Ainda me lembro do dia em que me deixaste. Quiseste ser maior que eu, porque não te sentias grande o suficiente. Não fiz nada para te magoar e o que fizeste tu? Eu dei-te a mão e tu cuspiste-me na cara e riste-te! Desde aí a noite tomou o teu lugar.

Quando as lágrimas caíam em cascata, despenhando-se a meus pés, era a noite que me consolava, passando o braço por cima dos meus ombros. Sempre que eu me sentia vazio, a noite enchia-me com o seu céu pintado de negro, salpicado com milhares de estrelas. De toda a vez que me sentia rebentar, a noite trazia-me a Lua para poder com ela desabafar...

Pensei assim que não terias mais qualquer espaço para residir dentro de mim. Mas tu és mestre das surpresas e claro que conseguiste surpreender-me. Mesmo sendo tua a decisão de partir, quiseste voltar para mim. E desta vez, com o objectivo de ser o contrário daquilo que julgavas ser para mim.

No entanto, deixa-me que te diga: eu cresci. Aprendi com os meus, com os teus e com os nossos erros. Amadureci e atrevo-me a dizer que fiquei um pouquinho mais sábio. Não te vou dar prazer nem dor qualquer. Nada. Vou ser somente eu, sem ti. Eu e a noite que me deixaste.