terça-feira, 30 de agosto de 2011

Eternos


Amor, façamos silêncio até que ele o faça por si próprio. Ainda temos tempo para deixarmos o tempo se escoar por entre os dedos das nossas mãos, então porque não fazê-lo? Deixemo-lo passar e celebremos, beijando-nos com aquela intensidade bravia de um vulcão em plena erupção, daquela forma que só nós sabemos verdadeiramente replicar.

Teria saudades do passado se não te tivesse no meu presente. É que nem me é possível descolar o meu pensamento de ti, amor. Como é que o fazes? Como é que inebrias os meus sentidos, deixando num transe tão profundo que só imagino os teus lábios e o meu corpo numa dança de sedução e prazer eternos. Deitemos o prédio abaixo, façamo-lo ruir. Incomodemos os vizinhos com os gritos de libertação enquanto fazemos amor, meu amor.

Juntas-te a mim? Para sempre, amor? Se é a isto que chamam de dependência, que se lixem. Querem que berre com todo o ar dos meus pulmões que sou dependente de ti? SOU DEPENDENTE DE TI, AMOR! Porque te amo. Dá-me um sorriso e eu verei o teu sorriso como eles vêem uma pedra preciosa com toneladas. É disso que eu preciso. De nada mais que tu, amor. De ti e do teu amor. Eternos.

domingo, 21 de agosto de 2011

Quando Sopra a Brisa Norte



Ela sopra, novamente. Há outra vez a sua fragrância em meu redor, aquela que eu nunca consigo desmembrar e reconhecer os componentes. Será sempre aquele incógnita conhecida, a minha brisa norte.
Certamente que se inquirisse todos os que me rodeiam sobre o odor trazido por esse vento ligeiro, descreveriam-me todos os ingredientes da felicidade: sol, terra, chuva, sorrisos e risos. Contudo, a mim, cheira-me a tristeza e a saudade, cheira-me a ti.
Então fujo. Abrigo-me no meio das árvores que, no centro do nada em que me encontro, são o meu único socorro. Debaixo das suas copas, cheira-me menos a ti. Há menos brisa norte.

sábado, 13 de agosto de 2011

Ciclo


Sente-me, não me deixes morrer outra vez. Mil vezes foram dolorosas o suficiente, ao ponto de me sentir desmembrado de cada vez que respiro. Cada vez que conspiras contra mim, é como se me atirasses do topo de um arranha-céus. E acredita em mim, todas as quedas doem tanto como a primeira.
Pediste-me silêncio. Eu dei-te. Contudo, parece que não foi suficiente. Não te chegou sorrires em todos os meus funerais. Queres algo mais e eu não sei o quê. Já me tiraste tudo.
No entanto, recusas-te a deixar-me repousar. De todas as vezes que me ergo do meu caixão para respirar de novo, fazes o impossível para me roubar o ar. E sei que viveremos neste ciclo para a eternidade. Pelo menos, até à eternidade de um de nós findar.