sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Confiança em Mim

         Quebram-se na frágil memória recordações de um outro tempo. Existem batidas que deveria sentir no meu peito mas, por capricho, nesses momentos o meu coração esquece-se de pulsar. Perco horas que me caem do relógio para o chão e que se estilhaçam em bocados infinitos de tempo. Apanho desse mesmo chão fragmentos de ideias e sonhos que, apenas um pouco antes, fervilhavam dentro de mim e que agora são somente minúsculos cadáveres. Procuro e procuro e procuro uma âncora que me segure neste porto mas creio que há muito que este barco partiu. Peço um pouco de silêncio ao vento que tenta consolar as lágrimas que se despenham a meus pés. Deixo que os meus joelhos se verguem e embatam no solo duro e oco debaixo de mim. Passo os dedos pelo chão, movido pelo desejo de sentir qualquer coisa. Jogo-me, deito-me, procurando aquele contacto e numa tentativa de saber qual o destino para mim reservado. Gostava de conhecer o futuro ao ler as tuas palavras. Gostava de conhecer a minha sorte ao olhar as nuvens, e o sol, e o céu. Embalo-me. Quero calar as perguntas, as dúvidas, as hesitações. Permito-me navegar, sonhadoramente, pelos perfis que invejo. Hei-de encontrar confiança em mim.