terça-feira, 14 de julho de 2015

Numa Noite


Chegou a noite. Trouxe o vazio com ela. O vazio é bom. Faz-me pensar. É necessário e indispensável submeter-me a estes momentos de introspecção e poder auto-avaliar-me. E, neste momento, em que me sinto perdido, preciso parar e procurar dentro de mim as respostas às perguntas que ainda desconheço.

Assim que o silêncio se deita ao meu lado, sinto-me sozinho. Sinto-me completamente incompleto, com falta de essência. Essencialmente é somente isso que me falta. Sou demasiado leve. Preciso de um núcleo duro. Algo que me preencha. Que me impeça de levitar ao sabor de ventos que eu tento soprar.

Preciso de um coração. Não de um… De mais um! Não o quero tirar a ninguém. Quero que me seja entregue. Mas quero conquistá-lo. Só que, não sei como o fazer. Onde vou para conquistar um coração? Existe um concurso? Uma competição? Eu não sei. Acho que nunca o soube. Sou demasiado perdido em pensamentos para conseguir pensar em sentimentos… Quanto mais senti-los!

Só sei que me sinto não sei bem o quê. Preciso de um mapa! Uma rota! Um caminho! Uma luz! Algo que me guie… E tenho de consegui-lo sozinho. Para que nunca mais me sinta assim, só. Somente eu. Somente um coração. Um coração que não sabe sentir, mas que quer muito, muito, muito aprender. E talvez um dia um consiga. Numa noite.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Confiança em Mim

         Quebram-se na frágil memória recordações de um outro tempo. Existem batidas que deveria sentir no meu peito mas, por capricho, nesses momentos o meu coração esquece-se de pulsar. Perco horas que me caem do relógio para o chão e que se estilhaçam em bocados infinitos de tempo. Apanho desse mesmo chão fragmentos de ideias e sonhos que, apenas um pouco antes, fervilhavam dentro de mim e que agora são somente minúsculos cadáveres. Procuro e procuro e procuro uma âncora que me segure neste porto mas creio que há muito que este barco partiu. Peço um pouco de silêncio ao vento que tenta consolar as lágrimas que se despenham a meus pés. Deixo que os meus joelhos se verguem e embatam no solo duro e oco debaixo de mim. Passo os dedos pelo chão, movido pelo desejo de sentir qualquer coisa. Jogo-me, deito-me, procurando aquele contacto e numa tentativa de saber qual o destino para mim reservado. Gostava de conhecer o futuro ao ler as tuas palavras. Gostava de conhecer a minha sorte ao olhar as nuvens, e o sol, e o céu. Embalo-me. Quero calar as perguntas, as dúvidas, as hesitações. Permito-me navegar, sonhadoramente, pelos perfis que invejo. Hei-de encontrar confiança em mim.