segunda-feira, 4 de abril de 2011

Venceste!

O Sol já se pôs. A Lua está de volta. E com ela chegou a noite, a noite que eu vinha a evitar todo este tempo. Não quero me relembrar, não de novo. Não quero sofrer da maneira que sofro, pois o sofrimento em mim é como uma música no 'replay'. Eu poderia gritar, mas com que propósito? Mesmo que grite os meus pulmões fora, sei que não há forma de a minha consciência regressar a mim. Ela partiu contigo.

E sonho o pesadelo que sonhaste quando dizias que a vida era perfeita, sem saber quão imperfeito eu era. E eu deixei mentires-te, observando com interesse a evolução daquilo que nos levava a entrelaçar os dedos. Queria que acreditasses naquilo que acreditavas que eu era, mesmo sabendo que não passava de uma reles ilusão que, mais tarde ou mais cedo, se desvaneceria com a verdade.

Mas eu queria torná-la realidade. Queria que os beijos que te dedicava fossem de matéria pura, construídos com amor e desejo. Mas sabia que assim que os entregasse saberiam a vazio, porque era assim que me sentia. Por mais que chorasse sempre que pensava que estava prestes a perder-te, as lágrimas secavam-me no rosto, quase instantaneamente, pois não havia água e sal que as justificasse. Não havia aquilo que deveria sentir por ti.

No fim, tive que te deixar partir. Fui egoísta de mais para te fazer feliz. Não queria ser infeliz com a tua felicidade. Não queria que fosses infeliz com a verdade. Não queria que o teu amor me trouxesse felicidade. E não queria que me amasses de verdade.

No fim, lembro-me que me prometeste deixar-me como eu te deixara. Acho que conseguiste. Amo, sem ser amado. Sou infeliz, trazendo felicidade. E minto, sem saber a verdade.

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