segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Eternidade Cega




Foram dois dias, talvez três. Perdi a noção do tempo por causa da dormência que se apoderou do meu corpo nesses dias de frio. Pois, do frio recordo-me bem. O céu descarregou a sua fúria sobre mim, lançando ora correntes de neve de um branco tão admirável e mortal ora trovões e relâmpagos que preenchiam a atmosfera libertando rugidos de fazer tremer qualquer guerreiro.

A minha companhia era nada, pois nada eu me sentia. Talvez por estar sozinho, acompanhado de ninguém ou talvez por a minha companhia estar demasiado longe de mim. Ou pelo menos longe de onde importava estar. Sei que senti o meu corpo se partir em mil, sendo cada ínfima partícula do meu ser devorada pela dor de desaparecer sem ti. Contudo eu reunia-me de novo rapidamente, somente para me estilhaçar de novo.

Coitada da minha mente que se enganava com imagens do tempo em que éramos felizes. Em que tínhamos sorrisos desenhados nos rostos e usávamo-los com frequência desmedida, sem nos preocuparmos com a possibilidade de um dia eles se acabarem. E, no entanto, eles acabaram-se. Acabaram-se os sorrisos ligeiros, as gargalhadas de felicidade, os abraços de compreensão e os beijos de ternura que trocávamos.

Juro-te, gostaria de ter novamente uma oportunidade de te responder. Naquela altura, tudo era para mim apenas um jogo: tinha um tabuleiro, muitos peões e os dados na minha mão. Como pude ser tão imbecil? Se pudesse derramar lágrimas, há muito que eu o tinha feito. Mas não posso fazê-lo e então choro internamente. Pois tu levaste os meus olhos no dia em que me disseste “Não me vejas com os olhos, vê-me com o coração”. E desde aí, nunca mais te vi.

1 comentário:

Vanessa disse...

Beautiful! *.*