Ergo a cabeça do teu ombro e sorvo o ar por entre os dentes. O meu corpo arrepia-se com o conforto que o oxigénio trás, pois cada gole é uma necessidade da qual eu estou quase privado. Tudo porque estes laços me apertam o peito.
São extenuantes estes laços que me cobrem o corpo e que me enlaçam em todo o mundo. Alguns, de cor verde, são firmes e apenas me restringem suavemente os movimentos. Outros, de cor azul, são folgados e apenas se sentem pelo peso que me faz vergar. Os piores, de cor vermelha, espremem-me o corpo, retirando qualquer energia que me reste.
Contudo, insuportável é este laço que me une a ti. A sua cor é variável e a sua extensão indeterminável. Apenas sei que as suas duas pontas unem-se num intricado nó, no meu coração. E nada posso fazer, dominado pela vontade desta grilheta, que me comanda.
E eu tanto queria ter a opção de me libertar desta maldição que carrego. Poder estender os meus dedos e puxar por uma das pontas do nó. Observar enquanto a tira se solta e ondula até ao chão. Esse seria o sabor da liberdade.
Um dia, num devaneio, removerei o meu coração e desapertarei o nó que o envolve e o conecta a ti. Aquando da tua partida. Essa será a data da minha condenação e libertação. Até lá, vivo com o nosso laço.
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