Peguei no álbum que descansava no armário empoeirado. Pousei-o cuidadosamente no meu colo e desafiei-me a abri-lo. Com ele pude relembrar-me do passado. Com ele pude voltar a ler as linhas outrora escritas nas páginas da minha vida. Com ele pude recordar as alegrias, as tristezas, as festas, as saídas e tudo o mais.
Fiquei embrenhado nas recordações que ele me trouxera. Mas depois lembrei-me que não passavam disso: recordações. Lembrei-me que o importante é o futuro. Que o que está feito não pode ser mudado, no máximo, pode ser corrigido. Que as páginas que permanecem em branco precisam de ser preenchidas com muita mais urgência do que as escritas precisam de ser relidas.
Levantei-me. E ao levantar-me, deixei repousar, juntamente com o álbum, todas as memórias. Não as esqueci. Deixei-as guardadas para serem recordadas numa outra tarde chuvosa. E fui pensando no que escreveria nas páginas seguintes...
sábado, 27 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Talvez Haja Luz
Suspiro.
Mais um dia. Mais um problema. Mais uma decisão que tem de ser tomada.
Jogo no chão as memórias e o coração atormentado que tanto me pesam no peito já dorido. Sinto o estômago dilacerado pela ansiedade das palavras não proferidas e, igualmente, das palavras proferidas no silêncio.
Ponho a mão no bolso das calças sujas de traição e de promiscuidade e tiro o isqueiro. Ao rodá-lo nos dedos enegrecidos pelos gestos que nunca tive coragem de te dar, lembro-me de como ao teu sorriso parece faltar sempre uma peça, tal puzzle inacabado.
Acendo o isqueiro na tentativa de aquecer o meu torpe e frio corpo que parece cair na fraqueza da sinceridade. Odeio a fragilidade e odeio a mentira. Mas nem sempre a verdade é mais forte. E nem sempre posso ser uma certeza quando não passo de uma alternativa e de uma expectativa.
Encosto a chama ao meu peito.
Talvez Haja Esperança.
Talvez Haja Calor.
Talvez Haja Luz.
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