quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Talvez Haja Luz

Suspiro.
Mais um dia. Mais um problema. Mais uma decisão que tem de ser tomada.
Jogo no chão as memórias e o coração atormentado que tanto me pesam no peito já dorido. Sinto o estômago dilacerado pela ansiedade das palavras não proferidas e, igualmente, das palavras proferidas no silêncio.
Ponho a mão no bolso das calças sujas de traição e de promiscuidade e tiro o isqueiro. Ao rodá-lo nos dedos enegrecidos pelos gestos que nunca tive coragem de te dar, lembro-me de como ao teu sorriso parece faltar sempre uma peça, tal puzzle inacabado.
Acendo o isqueiro na tentativa de aquecer o meu torpe e frio corpo que parece cair na fraqueza da sinceridade. Odeio a fragilidade e odeio a mentira. Mas nem sempre a verdade é mais forte. E nem sempre posso ser uma certeza quando não passo de uma alternativa e de uma expectativa.
Encosto a chama ao meu peito.
Talvez Haja Esperança.
Talvez Haja Calor.
Talvez Haja Luz.

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