domingo, 1 de maio de 2011

Noite

Ainda me lembro do dia em que me deixaste. Quiseste ser maior que eu, porque não te sentias grande o suficiente. Não fiz nada para te magoar e o que fizeste tu? Eu dei-te a mão e tu cuspiste-me na cara e riste-te! Desde aí a noite tomou o teu lugar.

Quando as lágrimas caíam em cascata, despenhando-se a meus pés, era a noite que me consolava, passando o braço por cima dos meus ombros. Sempre que eu me sentia vazio, a noite enchia-me com o seu céu pintado de negro, salpicado com milhares de estrelas. De toda a vez que me sentia rebentar, a noite trazia-me a Lua para poder com ela desabafar...

Pensei assim que não terias mais qualquer espaço para residir dentro de mim. Mas tu és mestre das surpresas e claro que conseguiste surpreender-me. Mesmo sendo tua a decisão de partir, quiseste voltar para mim. E desta vez, com o objectivo de ser o contrário daquilo que julgavas ser para mim.

No entanto, deixa-me que te diga: eu cresci. Aprendi com os meus, com os teus e com os nossos erros. Amadureci e atrevo-me a dizer que fiquei um pouquinho mais sábio. Não te vou dar prazer nem dor qualquer. Nada. Vou ser somente eu, sem ti. Eu e a noite que me deixaste.

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