É com o chegar da noite que eu
mais te recordo. É quando a noite me bate gentilmente à porta, entrando sem
pedir permissão, que me assaltam vagas de memórias de nós. Relembro todos os
segundos. É quase tão detalhado que chega a parecer que estou novamente ao teu
lado. E mesmo assim, não passa de uma ilusão. Um pequeno truque de magia que um
dia a noite aprendeu e que insiste em utilizá-lo em mim sempre que me apanha.
Enquanto essas
memórias se vão espalhando por mim, com elas espalha-se um outro sentimento:
saudade. Fazes-me tanta, mas tanta falta. É terrível pensar que neste momento
podíamos estar lado a lado e, que ainda assim, não estamos. Pergunto-me,
porquê? Teimosia, orgulho, incompatibilidade? No último não acredito. Se
fossemos assim tão incompatíveis, nunca nos tínhamos encontrado sequer.
Queria poder
olhar-te o coração com estes olhos que tenho. Mas estes olhos que tão pouco
viram ainda não sabem compreender as linhas intricadas que compõem tão delicado
órgão que carregas no teu peito. Só tinha a certeza de ser capaz de o perceber
quando mo explicavas. Aí, como aluno atento que era, entranhava a lição que me
ensinavas.
É tão pouco o
tempo que partilhamos para termos tamanha distância entre nós. Podemos pôr de
lado estes sentimentos que nos causam sofrimento e permitirmo-nos sermos mais
um pouco felizes? Talvez esse bocadinho de felicidade faça a diferença. Tenho
aquilo que precisas. Posso não saber demonstrá-lo com palavras e parecer que
algumas atitudes revelam o contrário. Mas nunca duvides do que aqui dentro se
passa.
Afinal, ainda
estou também a aprender a olhar o meu coração. E ele, aos poucos, vai me
falando ao ouvido. Diz-me sempre o teu nome com carinho. Fala-me de ti a toda a
hora. E eu pergunto-te: pode o meu coração estar assim tão errado?
1 comentário:
amazing <3
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