quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Utopia de um Amor



Fecha os olhos.

     Quando o dia findava, depois de todas as tormentas passadas, era em ti que eu tinha o meu abrigo. Era no acolher do teu abraço que eu procurava o meu conforto. Era no resplandecer dos teus olhos que eu procurava a minha luz. Basicamente, era no teu sorriso que estava escondida a minha felicidade.
     A nossa rotina era basicamente a mesma com o decorrer dos dias. Como tolos felizes, dávamos as mãos e caminhávamos, como quem saltita, partilhando todos os bocadinhos do nosso dia. Soltávamos, de vez em quando, gargalhadas borbulhantes, que preenchiam o espaço e nos deixavam como que num mundo à parte do mundo.
     Depois, quando o sol se escondia por detrás do horizonte, e a lua aparecia acompanhada de um manto negro salpicado de estrelas, nós íamos para o nosso cantinho. Lá, ninguém nos importunava e podíamos trocar os toques e os beijos que contínhamos durante o passeio. Ali, os nossos corpos comunicavam sem qualquer interrupção, compreendendo na totalidade a mensagem que o outro queria transmitir.
    
     E ainda assim, tudo não passava de um sonho.

     Na verdade, era tudo uma mera frágil ilusão. Eu idealizava tudo isto e reflectia-o em ti. Pensava que eras a minha outra metade, contudo nem eras parte de mim. Vivi por tempos numa estúpida utopia de um amor.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Viver Não é Fácil




Porque é que, por vezes, é tudo tão difícil?

            Perdido em pensamentos nocturnos, assombrado pelo brilho das estrelas e pelo emanar pálido da lua, eu revejo tudo. Os pequenos e significantes fragmentos de momentos marcantes que foram acontecendo, com maior ou menor frequência, ao longo de toda a minha vida, tornam-se claros. Apenas por segundos parecem tão vívidos que sinto que estou a revivê-los, um por um.
            Nem todas as recordações são boas. Ninguém as tem assim. Aquilo que guardamos, que retemos no arquivo de memórias, são todos os acontecimentos importantes. Alguns, ao serem novamente relembrados, deixam-me com um sorriso tolo nos lábios; outros fazem-me derramar lágrimas de saudade e outros ainda fazem com que eu leve uma mão ao peito, tentando conter a dor.
            São lições que a vida me ensinou, todas estas lembranças. Como uma mãe que leva o seu filho pela mão, ensinando-lhe os seus primeiros passos, foi desta forma que a vida me ensinou a viver. Foram pequenos conselhos sussurrados ao ouvido, quando me sentia perdido. Foram ombros nos quais eu podia chorar e libertar as mágoas. No fim, o que a vida me ensinou, é que viver não é fácil. Mas há que lutar.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Olhar o Coração



É com o chegar da noite que eu mais te recordo. É quando a noite me bate gentilmente à porta, entrando sem pedir permissão, que me assaltam vagas de memórias de nós. Relembro todos os segundos. É quase tão detalhado que chega a parecer que estou novamente ao teu lado. E mesmo assim, não passa de uma ilusão. Um pequeno truque de magia que um dia a noite aprendeu e que insiste em utilizá-lo em mim sempre que me apanha.
     Enquanto essas memórias se vão espalhando por mim, com elas espalha-se um outro sentimento: saudade. Fazes-me tanta, mas tanta falta. É terrível pensar que neste momento podíamos estar lado a lado e, que ainda assim, não estamos. Pergunto-me, porquê? Teimosia, orgulho, incompatibilidade? No último não acredito. Se fossemos assim tão incompatíveis, nunca nos tínhamos encontrado sequer.
     Queria poder olhar-te o coração com estes olhos que tenho. Mas estes olhos que tão pouco viram ainda não sabem compreender as linhas intricadas que compõem tão delicado órgão que carregas no teu peito. Só tinha a certeza de ser capaz de o perceber quando mo explicavas. Aí, como aluno atento que era, entranhava a lição que me ensinavas.
     É tão pouco o tempo que partilhamos para termos tamanha distância entre nós. Podemos pôr de lado estes sentimentos que nos causam sofrimento e permitirmo-nos sermos mais um pouco felizes? Talvez esse bocadinho de felicidade faça a diferença. Tenho aquilo que precisas. Posso não saber demonstrá-lo com palavras e parecer que algumas atitudes revelam o contrário. Mas nunca duvides do que aqui dentro se passa.
     Afinal, ainda estou também a aprender a olhar o meu coração. E ele, aos poucos, vai me falando ao ouvido. Diz-me sempre o teu nome com carinho. Fala-me de ti a toda a hora. E eu pergunto-te: pode o meu coração estar assim tão errado?
     

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Saberemos ser eternos?



Por agora, vivemos no momento
O futuro é uma incógnita distante
O passado é puro sentimento
O presente, um poema cantante.

No entanto, o dia há-de cerrar
Levando consigo toda a clareza
Os mares hão de se esvaziar
Deixando-nos inundados em tristeza.

Nessa altura, destacar-se-ão os valentes
Aqueles que de coragem se enchem
Para enfrentar as adversidades.
Serão eles os fundadores de cidades,
Pois os seus corações se preenchem
De sentimentos positivos e contentes.

E nós, banhados em momentos efémeros
Saberemos ser eternos?

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Onde Havia Fumo (Não Havia Fogo)


Hoje somos uma memória
Somos um momento preservado
Somos algo a ser recordado
Respondemos à convocatória
Dos nossos sentimentos
Do nosso tão não-amor.

Uma lembrança de ti estará sempre associada a um sorriso e a uma lágrima. A verdade é que nunca hei-de conseguir tirar da boca o gosto agridoce que lá deixaste. Por vezes tão doce e depois tão amargo.
Ainda assim, mantenho-te num lugar bem quente do meu coração. Um lugar onde te posso confortar e te acolher. Um lugar onde não te posso beijar. Nesse lugar haverá sempre limites, sempre barreiras inultrapassáveis.
Mas a culpa é minha. Estava carente e necessitado do teu toque. Julguei que os teus beijos seriam o remédio que acalmariam os meus batimentos cardíacos. Como pude interpretar todas as pistas de forma tão errada? Parecia tudo tão certo que nunca pensei estar enganado. Afinal, onde há fumo, nem sempre há fogo. Esta foi a lição que me ensinaste.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Mais Sozinho Que Nunca


Era verão, disso tenho a certeza. Tínhamos chegado depois de um dia de praia e ainda havia vestígios de areia colada nos nossos corpos. Despimos a roupa e, em fato de banho, tomamos um delicioso e demorado banho. Saíste antes de mim e, quando cheguei à sala, lá estavas tu, nua, com aquele olhar ardente, aquele que me fazia ferver por dentro. Aquele olhar significava tudo o que nós sentíamos um pelo outro: paixão, desejo, amor.

Fizemos amor no sofá. E depois voltamos a fazê-lo na cama. Foi intenso, selvagem. Quase agressivo. Os nossos corpos devoravam-se furiosamente, tentando ao mesmo tempo deleitarem-se com o sabor. Agora que penso nisso, foi provavelmente o melhor sexo que alguma vez fizemos. Foi divinal, tão bom que nem notei o trago de final que me deixaste na boca. Como se avizinhasse uma despedida. Como se me fosses abandonar.

Ficamos horas deitados, contemplando-nos. Como sempre, a minha mão foi parar aos teus cabelos, fazendo os movimentos habituais que tanto apreciavas. Sempre que parava, tu incitavas-me a continuar. Agora penso: “sentes falta do meu toque no teu cabelo? Era por isso que não querias que cessasse?”. Mas claro, tu não estás cá para responder-me a estas questões. São duas que se juntam às centenas pendentes de resposta.

Numa altura, um pouco antes de adormecer, uma lágrima soltou-se dos teus olhos. Colhi essa lágrima com um dedo e levei-a aos lábios. Em seguida aproximei-me e beijei-te. Destas palavras lembro-me com clareza. Disse-te: “Sempre que te sentires triste, beijarei a tristeza para fora de ti”. Tu sorriste-me timidamente, voltaste-me as costas e enroscamo-nos, adormecendo de seguida.

Na manhã seguinte, acordei completamente sozinho. Não restava na cama, no quarto, na sala, em qualquer parte da casa, um vestígio da tua presença. Era como se tudo tivesse sido um sonho e, ao despertar naquela manhã, tudo tivesse terminado. Perdi o fôlego. Tentei fazer-me respirar normalmente durante horas, sem qualquer sucesso. Sentia-me a afogar em lágrimas. Sentia-me como se tivesse caído do paraíso e aterrado num inferno. Porque sem ti, senti-me mais sozinho do que nunca. Senti-me mais sozinho do que nunca naquela manhã em que me abandonaste.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Meu Tipo de Amor





Sabes como me sinto de cada vez que te vejo perdida, sem rumo, apenas vagueando por entre as horas, numa tentativa de que elas somente passem, para que a noite chegue e te possas voltar a abrigar no conforto da escuridão? Sinto-me destroçado. Completamente incapaz. Contudo não te abandono. Ando às voltas contigo para que não te quebres, para que permaneças inteira.

Eu sei que não te posso comprar amor. Porque, se pudesse, o teu coração não seria uma peça de retalhos que eu constantemente tento remendar. Terias um coração perfeito, imaculado, nunca tocado pela tristeza. No entanto, dou-te pequenos goles do meu amor para que te mantenhas viva e consciente, para que não percas a clareza.

Quando te escorrem lágrimas pelas faces perco, momentaneamente, o meu raciocínio lógico. Como é possível que alguém como tu esteja tão submerso em tristeza para que atinjas este ponto? Nessas alturas digo-te a verdade, por mais que doa, porque sei que mentir-te seria duas vezes pior e só te fragilizaria.

No fundo, estou lá quando desistes de tudo. Quando cais no chão e prometes que nunca mais te vais levantar. Eu estou lá para te erguer, para suportar o teu peso. Estarei lá para te apoiar quando a situação se tornar pior do que alguma vez tinhas imaginado. Assim como serei o único que estará do teu lado, depois das tormentas, quando todos aqueles que julgavas serem teus amigos tiverem fugido. Porque este é o meu tipo de amor.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Amar não é pecado

      
         Um suspiro. Um aperto. Uma saudade.
         Sinto a tua falta.

        Porque partiste quando eu mais precisei de ti? Porque deixaste uma vaga impossível de preencher no meu coração? Para que eu aprendesse o lado negro do amor? Amor, já o sei de cor. Sei-o desde o primeiro segundo da tua ausência. Sei que me consume, que me deixa de rastos, sem qualquer vontade de forçar o ar a entrar nos meus pulmões.

         Juro-te que por vezes preferia desistir. Simplesmente parar de arrastar o meu corpo por entre as sombras das memórias que me assombram. Os teus sorrisos, naquele banco junto ao nosso jardim. A doce melodia da tua voz, chamando o meu nome, quando me ligavas à noite, antes de adormecer. O teu aroma encantador que pairava em volta de mim e me deixava completamente hipnotizado.

         Volta. Não me deixes aqui, sem ti. Porque sem ti sou solidão. Eu não errarei mais no nosso percurso e farei com que apenas de felicidade seja construído o nosso trilho. A nossa banda sonora serão gargalhadas e juras de amor trocadas entre nós. Prometo-te. Não me castigues com a tua ausência como se tivesse cometido um crime porque afinal amar não é pecado.