Fecha
os olhos.
Quando o dia findava, depois de
todas as tormentas passadas, era em ti que eu tinha o meu abrigo. Era no
acolher do teu abraço que eu procurava o meu conforto. Era no resplandecer dos
teus olhos que eu procurava a minha luz. Basicamente, era no teu sorriso que
estava escondida a minha felicidade.
A nossa rotina
era basicamente a mesma com o decorrer dos dias. Como tolos felizes, dávamos as
mãos e caminhávamos, como quem saltita, partilhando todos os bocadinhos do
nosso dia. Soltávamos, de vez em quando, gargalhadas borbulhantes, que
preenchiam o espaço e nos deixavam como que num mundo à parte do mundo.
Depois, quando o
sol se escondia por detrás do horizonte, e a lua aparecia acompanhada de um
manto negro salpicado de estrelas, nós íamos para o nosso cantinho. Lá, ninguém
nos importunava e podíamos trocar os toques e os beijos que contínhamos durante
o passeio. Ali, os nossos corpos comunicavam sem qualquer interrupção,
compreendendo na totalidade a mensagem que o outro queria transmitir.
E ainda assim, tudo não passava de um sonho.
Na verdade, era tudo uma mera
frágil ilusão. Eu idealizava tudo isto e reflectia-o em ti. Pensava que eras a
minha outra metade, contudo nem eras parte de mim. Vivi por tempos numa
estúpida utopia de um amor.