Sempre me jurei que daria o meu coração ao vento. Perdi a conta das juras que fiz em noites de luar brilhante e estrelas faiscantes, prometendo à brisa que, um dia, o entregaria. Contudo já perdi a conta de quantos sóis vi nascer diante dos meus olhos. De quantos ciclos lunares me dei ao luxo de contemplar. Ele continua alojado dentro de mim, teimosamente batendo, desafiando o vento por mais um dia.
Se eu te contasse as vezes que ele já foi remendado… Já o desafiei por inúmeras vezes, fazendo-o viver as paixões mais ardentes e os ódios mais gélidos. Mas ele nunca se rendeu, aceitando com batimentos acelerados todas as adversidades. E de todas as vezes que parecia desistir, quando eu estava prestes a morrer de vitória, ele recomeçava, com pulsares tímidos a vida ao meu cadáver.
No final, sei que será uma questão de tempo até domar este meu coração selvagem. Por mais crimes e atentados que ele cometa, serei um dia eu quem irá sorrir. E, enquanto ele morrer no meu peito, hei-de o entregar ao vento, tal como as minhas palavras haviam jurado na era em que o amor me abandonara.
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