quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Miragem

Gostei mais daquele outro tempo...
Lembrei-me de quando tudo era como queria. De como era tão fácil fechar os olhos e imaginar tudo aquilo que eu queria ver. Apagar todas as imperfeições daquele universo que construí para alimentar os sonhos de uma criança que teimava em ser feliz.
Lembro-me de como tinha ideia de que me estava a enganar. De como tudo parecia desmoronar-se de todas as vezes que um detalhe me escapava. De como tudo me parecia ser uma ténue miragem que se dissolvia sempre que tentava agarrar-me a algo sólido da ilusão que criava.
Hoje em dia, vejo com olhos de ver, que estava redondamente enganado. Aquilo que eu julguei criar, afinal existia. A felicidade esteve sempre lá, sempre guardada para mim. Eu é que parecia não compreender o sentimento que me estava reservado, mas agora percebo-o...

E no entanto, hoje queria poder fazer o inverso daquilo que fazia quando aquela criança que morreu em mim residia. Queria ter o poder de desintegrar a solidez persistente de elementos da minha actual personalidade. Fazer desaparecer, ao toque, as imagens que eu não quero ter que recordar todos os dias. Eliminar o perfume que me atormenta sem sentir qualquer remorso porque, ele simplesmente não existiria.

Resumindo, ambiciono o poder de tornar ilusão todo o real que quero que não exista, sem me iludir com realidade do irreal. Por favor, torna-te miragem e desaparece ao meu toque.

1 comentário:

Cristina disse...

lindoooooooooooo
love it!!
Cristina****