quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

E, no fim...

Sei que talvez seja um pouco menos que nada neste momento mas, tu foste menos que as expectativas, que já eram nenhumas. Sendo assim, somos tanto quanto o outro, o que faz de nós humanos. Humanos que, como tolos iludidos por enfeites luminosos, esvoaçamos sempre à procura da luz mais brilhante. E fazemos da nossa vida círculos intermináveis de rotinas ocas e débeis.

E assim, passamos na noite ciclos lunares incontáveis, analisando com interesse desmesurado todas as repetidas fases da Lua. Soletramos para dentro palavras de compreensão, talvez uma compreensão um pouco lenta, de um mundo que pintamos com todos os detalhes esquecidos. E desenhamos e colorimos esse quadro com frases ecoadas de um túnel social debilmente construído.

E, no fim, esquecemos o que realmente importa: o nosso "eu" privado.

Porque, realmente somos quando ninguém de nós sabe. Aí, na solidão acompanhada de nós próprios, somos autênticos. Nessas raras e preciosas ocasiões pensamos os pensamentos que valem a pena pensar e sentimos os sentimentos que merecem ser sentidos. Só nesses eclipses sociais pesamos o valor de tudo o que nos rodeia.

Hoje, vivi um desses eclipses e perguntei-me : "E no fim, o que fui para ti?"

Juro, vou sentar-me no dia, para evitar observar de novo todas as fazes da Lua. Vou calar as vozes que ecoam no túnel social. E vou fechar os olhos para não ser atraído por aquelas luzes ilusórias. Farei isto até ouvir a tua resposta.

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